Etéreo.
Assim é
conhecido o ser que existe além da razão, cujo nome e forma são desconhecidos.
Ele
observa, passivo, enquanto a Ovelha e o Lobo abatem os guerreiros no campo de
batalha. Espectador de um mundo do qual não faz parte.
Certo dia,
a entidade etérea descobriu um sortilégio até então singular: o amor proibido.
Dois jovens de famílias rivais desafiavam a própria realidade, colocando-se à
mercê da mortalidade. A criatura assistiu, sem nada poder fazer, o florete do
irmão da jovem apaixonada perfurar o coração de seu amante. O ser etéreo
testemunhou o apelo que a mulher fez ao reflexo prateado da Lua no lago
embevecido pela escuridão crepuscular. Comovido com o desespero da jovem, ele
metamorfoseou-se em éter, criando o único lugar onde os amantes desafortunados
pudessem ficar juntos: a imaginação do artista.